Por que nossa obsessão é uma vida de aparências nas redes sociais
Nós todos, personagens melhorados. Um eterno recorta e cola. Uma foto, duas fotos, três fotos, 12 fotos. Cliques repetidos, pra escolher a melhor pra postar no Facebook.
Editores, que mudam sorrisos e paisagens, editores que mexem na nossa imagem, corretores
pro olhar, yes filter. Não é difícil imaginar que a foto do nosso perfil geralmente é a que escolhemos para representar nosso lado mais bonito, pois é ela que costuma fixar uma imagem estática e permanentemente alegre para quem interage conosco, e vende essa falsa impressão. Redes sociais e suas maquiagens. Nós e o nosso esforço pra mostrar que somos saudáveis e frequentamos a academia logo cedo. Aí eu pergunto: será que tanto esforço teria graça sem que minha timeline soubesse?
Em redes sociais amigos viram inimigos quando nos marcam naquela foto em que a barriga estava mais saliente, em que a gente não parecia tão feliz. Quantas fotos são tiradas de sua câmera para que uma chegue ao Facebook?Quantas frases da Clarice Lispector, e quanta gente citando Clarice Lispector sem nunca ter lido um de seus livros, e quanta gente reclamando de quem cita Clarice sem nunca ter lido um de seus livros. Gente que reclama de quem reclama. Ciclos cheios de regras, ciclos repetidos falando mal das repetições, reproduções, compartilhamentos. Um mundo de contradições apontadas para outras.
Gente que dá bom dia, gente que fala com a produção, gente que “partiu” pra algum lugar, gente que entra no meme e depois num quer mais brincar. Rede Social é sempre mais sobre o que queremos parecer, do que sobre quem somos. Licenças poéticas são aceitas: ninguém vai ao banheiro, ninguém parcela em 10 vezes, ninguém assiste BBB. Somos todos os protagonistas da novela mais confortável ao senso comum. E quem nunca odiou alguém pessoalmente e passou a amar essa pessoa pelo seu jeito Facebook de ser. Quem nunca passou a ter preguiça de um amigo e suas groselhas, mas não deletou pra num afetar a amizade? Quem nunca usou um “Quem nunca”?
E tem os caçadores de curtidas que costumam insistir no que mais funciona: fotos de cães e bebês são as campeãs e rendem curtidas em massa, logo em seguida tem as declarações de amor, fotos de viagens, books improvisados acompanhados de frases de autoafirmação, e diplomas atestando esforço. Existem aqueles que, por medo de não receberem curtidas, marcam os amigos mais garantidos na hora do apoio. E quem nunca postou e depois – pelo insucesso das curtidas – apagou que atire a primeira pedra. E tem gente que curte o de todo mundo pra ser curtido, tem gente que devolve curtida pra agradecer, curtida às vezes é uma declaração, um diálogo oculto. Facebook é também uma maquina de procrastinar, é vitrine pra inveja, é a ferramenta do stalker, é mais sobre quem gostaríamos de ser.
Não se enganem, o Facebook é sobre a vida aos Sábados e Domingos.
Editores, que mudam sorrisos e paisagens, editores que mexem na nossa imagem, corretores
pro olhar, yes filter. Não é difícil imaginar que a foto do nosso perfil geralmente é a que escolhemos para representar nosso lado mais bonito, pois é ela que costuma fixar uma imagem estática e permanentemente alegre para quem interage conosco, e vende essa falsa impressão. Redes sociais e suas maquiagens. Nós e o nosso esforço pra mostrar que somos saudáveis e frequentamos a academia logo cedo. Aí eu pergunto: será que tanto esforço teria graça sem que minha timeline soubesse?
Em redes sociais amigos viram inimigos quando nos marcam naquela foto em que a barriga estava mais saliente, em que a gente não parecia tão feliz. Quantas fotos são tiradas de sua câmera para que uma chegue ao Facebook?Quantas frases da Clarice Lispector, e quanta gente citando Clarice Lispector sem nunca ter lido um de seus livros, e quanta gente reclamando de quem cita Clarice sem nunca ter lido um de seus livros. Gente que reclama de quem reclama. Ciclos cheios de regras, ciclos repetidos falando mal das repetições, reproduções, compartilhamentos. Um mundo de contradições apontadas para outras.
Gente que dá bom dia, gente que fala com a produção, gente que “partiu” pra algum lugar, gente que entra no meme e depois num quer mais brincar. Rede Social é sempre mais sobre o que queremos parecer, do que sobre quem somos. Licenças poéticas são aceitas: ninguém vai ao banheiro, ninguém parcela em 10 vezes, ninguém assiste BBB. Somos todos os protagonistas da novela mais confortável ao senso comum. E quem nunca odiou alguém pessoalmente e passou a amar essa pessoa pelo seu jeito Facebook de ser. Quem nunca passou a ter preguiça de um amigo e suas groselhas, mas não deletou pra num afetar a amizade? Quem nunca usou um “Quem nunca”?
E tem os caçadores de curtidas que costumam insistir no que mais funciona: fotos de cães e bebês são as campeãs e rendem curtidas em massa, logo em seguida tem as declarações de amor, fotos de viagens, books improvisados acompanhados de frases de autoafirmação, e diplomas atestando esforço. Existem aqueles que, por medo de não receberem curtidas, marcam os amigos mais garantidos na hora do apoio. E quem nunca postou e depois – pelo insucesso das curtidas – apagou que atire a primeira pedra. E tem gente que curte o de todo mundo pra ser curtido, tem gente que devolve curtida pra agradecer, curtida às vezes é uma declaração, um diálogo oculto. Facebook é também uma maquina de procrastinar, é vitrine pra inveja, é a ferramenta do stalker, é mais sobre quem gostaríamos de ser.
Não se enganem, o Facebook é sobre a vida aos Sábados e Domingos.
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