Mídia social em eleição tem força, mas é relevante?

Participação online nas eleições 2010 comprova a multiplicação de vozes interativas, mas nem sempre qualitativas. Seria um reflexo da pobreza cultural da sociedade, da pobreza de ideias dos candidatos ou um pouco dos dois?
Nunca o uso das mídias sociais fora algo tão esperado e tão (não) determinante. Em meu artigo após o final do primeiro turno  comentei sobre o uso aquém, por parte dos candidatos, das ferramentas digitais. Postura diferente a do eleitorado, que usou além.
Dilma Rousseff ganhou em todas as regiões brasileiras, independentemente da penetração e uso da web. Então, não cabe aqui analisarmos tais dados quantitativos, pois são fatores não determinantes.
O que vale ser observado é o uso qualitativo da rede – que por mais que não tenha alterado o resultado das urnas, expõe fluxos de mudança e contra-fluxos de estagnação.
O indivíduo agora pode se autorrealizar através da livre expressão com poder global, praticamente convergindo à eternidade.
As pessoas, enfim, podem se manifestar em larga escala e publicamente, tendo sua voz amplificada pelas inúmeras redes sociais, mesmo quando na surdina dos comentários em perfis alheios. E não mais sendo abafada pela multidão desinteressada do bar ou de outras praças menos afeitas ao debate.
É claro, tudo isso ainda carece de maturidade e as pessoas tendem a repetir os padrões atuais sem se atualizar do potencial virtual: emitem opinião sem fundamento, buscam ter razão mesmo sustentando-se em copy+paste de textos prontos e pouco incidem no debate confrontando ideias, respeitando posturas distintas.
Tudo isso já existe na sociedade, mas agora é amplificado em larga escala.
O que ocorre no processo eleitoral (na internet) é que vemos uma série de reproduções de monólogos e pouquíssimas trocas construtivas, sendo raros os produtores de conteúdo, a maioria reproduzindo o modelo e o baixo nível de conteúdo dos meios tradicionais.
Opiniões a mil, mas quando arguidos de maneira mais incisiva, expõem zero de domínio de causa, evidenciando postagens vazias e altamente panfletárias. Estamos ainda na superficialidade da web, reflexo da sociedade.
Talvez reflexo do tipo de debates da grande mídia, talvez reflexo do tipo de campanha feita pelos candidatos, mas com certeza retrato da pouca maturidade humana ao embate democrático – e isto 2.500 anos depois da democracia grega, da república romana…
As mídias sociais, aproximadamente com sete anos de existência, suplantam o email, por exemplo, e pautam a grande mídia e, cada vez mais, os debates. “As pessoas agora trocam com limitado comprometimento de emoção, custo e esforço”, explica Manuel Castells em palestra recente.
Ficou muito mais fácil participar. Agora, falta interagir de verdade. Pois, na democracia plena, opinar é um direito, informar-se é um dever.
As pessoas estão se expondo não mais como anônimos, mas passando a interagir, o que passa pela exposição coletiva. E ficar desamparado e com perfil de alienado ou desinformado, por exemplo, não rende grandes dividendos socio-digitais…
E é da época da polis grega que se deve beber ainda alguns conhecimentos e verdades: politica não se faz apenas em época de eleição, mas no dia-a-dia da nação.
Enquanto escrevo, me vem à mente uma frase de um grafiti (ok, era uma pichação) da época de estudante da PUC-Rio: nação não é bandeira, nação não é hino, nação é união. [Webinsider] Por Klaus Denecke-Rabello

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